A esquizofrenia é um transtorno mental grave, caracterizado por distorções de comportamento, percepção, emoções, pensamento, linguagem e consciência de si mesmo. O desenvolvimento da doença começa, em geral, no final da adolescência e no início da fase adulta, dos 15 aos 35 anos, sendo pouco observada na infância e em indivíduos com mais de 45 anos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a esquizofrenia atinge cerca de 21 milhões de pessoas em todo o mundo e está entre as doenças mais incapacitantes que existem. Quem sofre desse transtorno tende a ser alvo de preconceito, a apresentar baixo desempenho na escola ou no trabalho e a ter dificuldades em manter relações amorosas e afetivas.
Outro levantamento da OMS mostra que mais de 50% das pessoas com esquizofrenia não têm acesso a um tratamento adequado. Por isso, entender as causas e os sintomas dessa doença é tão importante no momento de buscar orientação profissional e um diagnóstico correto para controlar o transtorno e escolher o melhor tipo de tratamento esquizofrenia.
Causas da esquizofrenia
Não há uma causa definida para a esquizofrenia, mas há indícios de que o seu desenvolvimento aconteça pela combinação de fatores genéticos e ambientais. Apesar de ainda ser objeto de investigação, sabe-se que alguns fatores de risco são precoces, podendo ser tanto genéticos quanto relacionados a complicações na gravidez ou no nascimento, e outros são tardios, como abuso de drogas e estresse social.
Estudos realizados pelo Laboratório Interdisciplinar Neurociências Clínicas (LiNC) em parceria com o Programa de Esquizofrenia (PROESQ) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), indicam que a esquizofrenia é um transtorno do neurodesenvolvimento, resultante do desequilíbrio químico ou outras alterações nos circuitos cerebrais que ocorrem desde o início do desenvolvimento do sistema nervoso central.
“Em geral a doença começa na transição da adolescência para idade adulta quando grandes transformações estão acontecendo tanto no corpo quanto no cérebro. Está é a fase em que ocorre a poda neuronal (‘pruning‘), etapa fundamenta para que os circuitos cerebrais amadureçam e ganhem eficiência” afirma Rodrigo Bressan, psiquiatra, professor da UNIFESP e Coordenador do LiNC – Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas.
Frente a essas descobertas, a adolescência passou a ser considerada uma fase de grande vulnerabilidade para o desencadeamento de transtornos mentais, como a esquizofrenia, a depressão, a síndrome do pânico e o transtorno bipolar. Isso acontece porque o cérebro dos jovens ainda está se desenvolvendo e cada vez mais aumentam os casos de uso precoce de substâncias químicas.
O consumo exagerado e regular de maconha e outras drogas pode aumentar o risco para esquizofrenia e dependência química, principalmente para quem tem predisposição genética. Por isso, uma das formas de evitar a piora e a perpetuação da doença é não fazer uso de substâncias psicoativas sem prescrição médica.
Principais sintomas da esquizofrenia
Pessoas com esquizofrenia costumam apresentar um conjunto de sintomas agudos, normalmente relacionados a alterações de comportamento e episódios de psicose, como delírios – dificuldade de julgamento e crenças distorcidas da realidade, como, por exemplo, ter certeza de que está sendo perseguido ou observado – e alucinações – fenômenos que envolvem os sentidos, como ouvir vozes ou ver pessoas que não existem.
Outras manifestações comuns da doença são isolamento social, oscilação de humor, falta de interesse em programas sociais e distanciamento afetivo. Além disso períodos de agitação e agressividade, distúrbios do sono, problemas de atenção e memória também são comuns. Algumas pessoas também sentem falta de apetite, lentidão de movimentos, dificuldade de se expressar por meio da fala e prejuízo na realização de atividades do dia a dia, como manutenção da higiene pessoal.
Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, dependendo do grau da doença, com períodos de piora, remissão ou persistência. Nas mulheres, a esquizofrenia costuma se manifestar de forma mais tardia, por volta dos 30 anos de idade; já nos homens, o início da doença ocorre, em média, aos 25 anos.
Tratamento esquizofrenia
A escolha do melhor tratamento para esquizofrenia deve se basear em informações confiáveis e no tripé médico, paciente e família, pois o apoio recebido dentro de casa é fundamental para o entendimento e a aceitação da doença, além de fazer a diferença em todo o processo.
Ao perceber alguns sintomas da doença, é importante procurar ajuda especializada para receber o diagnóstico correto e um tratamento personalizado.
Diagnóstico
O tratamento para esquizofrenia começa com um diagnóstico minucioso, que deve ser realizado por uma equipe médica multidisciplinar. Por meio de exames físicos, testes, estudos de imagem, avaliações psiquiátricas e critérios estabelecidos no Guia de Transtornos Mentais (DSM-5), os especialistas conseguem avaliar os sintomas e excluir a possibilidade de outras doenças.
Intervenção
Ao ser diagnosticado com esquizofrenia, o paciente normalmente é tratado com o uso de antipsicóticos, que hoje causam poucos efeitos colaterais. Muitos deles são injetáveis, com duração de cerca de um mês, o que facilita o controle da doença, gera menos resistência por parte do usuário e evita o esquecimento quando a administração do remédio é feita diariamente por via oral.
Durante o tratamento, os médicos responsáveis podem ajustar as doses e optar pela prescrição de outros tipos de medicamentos, como os antidepressivos, conforme a resposta do organismo e a evolução da doença. É importante que o paciente e a família acompanhem essas mudanças e apresentem suas dúvidas em relação às novas medicações e técnicas aplicadas nos atendimentos.
Em conjunto com o tratamento medicamentoso, a psicoterapia e a terapia ocupacional são bastante indicadas para controlar a doença e facilitar a reinserção do paciente na sociedade. Algumas terapias complementares e mudanças de hábitos também podem ser recomendadas de acordo com as necessidades de cada paciente.
Quem sofre de esquizofrenia deve fazer o acompanhamento médico e psicológico durante toda a vida, mesmo quando os sintomas diminuem ou desaparecem por um período, pois há grandes chances de recaídas e novos episódios psicóticos. Muitas pessoas com a doença têm uma vida produtiva quando recebem o tratamento adequado, conseguindo trabalhar, estudar e realizar atividades cotidianas com facilidade.
Hospitalização
Um grande desafio enfrentado por médicos e familiares é a negação da doença pelo paciente e a rejeição a qualquer tipo de tratamento. Muitas vezes o convencimento e a internação coercitiva são necessários quando o indivíduo oferece perigo a si mesmo ou a quem está ao seu redor.
A hospitalização também é uma alternativa para quem necessita de cuidados médicos constantes, principalmente em períodos de crise, recaídas ou complicações, como dificuldade em manter os cuidados básicos em casa, manifestação de outros transtornos mentais, sinais de agressividade e tentativa de suicídio.
Receber o apoio, o acolhimento e a orientação de profissionais especializados é essencial durante a realização do diagnóstico e do tratamento esquizofrenia. Entre em contato conosco para tirar todas as suas dúvidas e receber um atendimento completo e integrado.
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