O álcool faz parte da nossa cultura há muito tempo. Ele é consumido por pessoas de diferentes idades, em diversos tipos de situação e, às vezes, em quantidade exagerada. Quando isso acontece, os efeitos negativos prevalecem sobre os positivos e podem gerar consequências no longo prazo, como o alcoolismo. Para lidar com esse problema, é preciso, antes de tudo, identificar os tipos de alcoólatras.
O alcoolismo é uma doença que se caracteriza pela incapacidade de controle sobre a ingestão de álcool devido à dependência física e emocional. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 3% de toda a população brasileira com mais de 15 anos é alcoólatra — percentual que representa mais de 4 milhões de pessoas.
Existem vários tipos de alcoolismo, que se diferenciam pelas características do paciente — idade atual, idade em que começou a abusar do álcool, idade em que se tornou dependente, histórico familiar e presença ou ausência de transtornos mentais ou abuso de outras drogas.
Essa classificação foi criada com base em uma grande pesquisa desenvolvida por três instituições americanas: National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), National Institute of Health (NIH) e National Epidemiological Survey on Alcohol and Related Conditions (NESARC). A seguir, saiba mais sobre cada uma dessas classificações.
Conheça os tipos de alcoólatras
Antes de começarmos a explicar cada um dos tipos de alcoólatras, precisamos deixar claro que essa classificação não é usada como diagnóstico para determinar se um indivíduo sofre ou não de alcoolismo. Ela tem como objetivo facilitar os estudos sobre a doença e guiar pesquisas relacionadas ao tema e às formas de prevenção.
Alcoólatra jovem adulto
O estudo americano sobre os tipos de alcoólatras indica que 31,5% dos dependentes se encaixam nessa categoria, que corresponde ao maior grupo. Os alcoólatras jovens adultos costumam começar a beber no final da adolescência, por volta dos 19 anos, e se tornam dependentes alguns anos depois, com idade em torno de 24 anos.
Não é comum que os indivíduos desse grupo tenham transtornos mentais nem abusem de outras substâncias químicas, apesar de ser possível. Também é incomum que tenham outros familiares alcoólatras. Muitos deles ainda estão na faculdade ou acabaram de sair de casa dos pais e estão experimentando a independência da vida adulta pela primeira vez.
O alcoólatra jovem adulto costuma beber com menos frequência do que os outros, mas quando o faz, a tendência é que exagere na dose e pratique o binge drinking. O número de homens jovens adultos alcoólatras é 2,5 vezes maior que o de mulheres.
Alcoólatra jovem antissocial
Cerca de 21,1% dos alcoólatras são do tipo jovem antissocial, que representa aqueles que começam a beber ainda na adolescência, com cerca de 15 anos de idade, e desenvolvem dependência nos primeiros anos da vida adulta, muitas vezes antes dos 20.
Mais da metade dos componentes desse grupo apresenta traços de Transtorno da Personalidade Antissocial. Também é comum que essas pessoas tenham depressão, fobias, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e que abusem de outras substâncias como cigarro, maconha, cocaína e opioides.
Mais de 75% dos alcoólatras jovens antissociais são homens e tiveram pouco ou nenhum acesso à educação de qualidade — o mesmo acontece em relação ao mercado de trabalho. Essas pessoas têm o costume de beber grandes quantidades de álcool de uma só vez.
A probabilidade de que esse tipo de alcoólatra busque tratamento é maior do que a dos jovens adultos — 35% deles já procurou ajuda em algum momento. Os componentes desse grupo são os que têm mais chance de buscar tratamento em clínicas, mas muitos também recorrem a grupos de apoio.
Alcoólatra funcional
Os alcoólatras funcionais formam um grupo com idade um pouco mais avançada do que os mencionados anteriormente — eles têm cerca de 40 anos e se tornaram dependentes depois dos 30, apesar de terem começado a beber no início da vida adulta.
Os componentes desse grupo apresentam taxas moderadas de depressão, mas é raro que sofram com outros transtornos mentais. Muitos deles também fumam cigarros, mas não há muitos casos de abuso de outras drogas.
Cerca de 60% dos alcoólatras funcionais são do sexo masculino. De todas as classificações, esse é o grupo com menos chance de ter problemas legais decorrentes do alcoolismo. Aqui, prevalecem pessoas com bons níveis de educação e variados níveis de renda.
Muitos dos alcoólatras funcionais são casados e sofrem por causa do vício. Menos de 20% deles já procuraram ajuda profissional para cuidar do problema — desses, a maioria recorre a grupos de apoio e a clínicas particulares.
Alcoólatra crônico
O alcoólatra crônico é o tipo menos comum — segundo a pesquisa, apenas 9,2% dos dependentes de álcool estão nessa classificação. Os integrantes desse grupo começam a beber na adolescência e desenvolvem a dependência por volta dos 30 anos de idade. 77% dos alcoólatras crônicos têm parentes que também sofrem de alcoolismo e 47% deles apresentam transtornos de personalidade.
Esse tipo de alcoólatra também é o mais propenso a sofrer com depressão, ansiedade, Transtorno Bipolar, fobias e Síndrome do Pânico. Além disso, costumam consumir outras drogas, como cigarro, maconha, cocaína e opioides.
O alcoólatra crônico é o tipo que mais faz esforços para se curar, mas nem sempre tem sucesso. Além disso, é o que tem mais emergências de saúde como consequência do abuso de álcool.
Esse grupo também é o que mais sofre com problemas familiares por causa do vício — aqui, os números de divórcios e separações são os mais altos em relação às outras classificações. Os alcoólatras crônicos bebem com mais frequência, mas em menor quantidade em relação aos outros grupos.
Alcoólatra familiar intermediário
Os componentes desse grupo são aqueles que têm parentes próximos que sofrem de alcoolismo. Eles começam a beber no final da adolescência e desenvolvem dependência com cerca de 30 anos de idade. Os alcoólatras familiares intermediários também têm grandes chances de sofrer com transtornos de personalidade, depressão e ansiedade, além de fazer uso de outras substâncias, como cigarro, maconha e cocaína.
64% dos integrantes desse grupo são homens. Eles costumam ter boa educação e ser ativos no mercado de trabalho, mesmo que a renda não seja alta. O alcoólatra familiar intermediário não costuma buscar tratamento profissional, mas pode recorrer a grupos de apoio e, às vezes, buscar ajuda em clínicas particulares.
Saiba como funciona o tratamento para alcoolismo
O tratamento para o alcoolismo deve ser iniciado quando for constatado que a bebida interfere negativamente no dia a dia do paciente. Após a identificação dos sintomas do alcoolismo e do diagnóstico, é feita uma desintoxicação. Esse processo pode usar medicamentos para ajudar a diminuir a compulsão. Paralelamente a esse tratamento, é indicado que o paciente seja acompanhado por um psicoterapeuta.
O Hospital Santa Mônica conta com uma equipe multidisciplinar especializada no tratamento contra dependência química, com mais de 50 anos de experiência. Também temos uma infraestrutura completa para internação hospitalar, caso seja necessário, e para a realização das atividades complementares ao tratamento.
Se depois de conhecer os tipos de alcoólatras você acha que se encaixa em algum dos grupos ou pretende ajudar alguém, conheça o nosso hospital e a nossa unidade de tratamento para a dependência química.
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